Pergunta ao Cientista
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Bioprodutos o que são?
Bioprodutos são produtos equivalentes a produtos atuais, que usamos no nosso dia a dia, ou novos produtos para novas aplicações / funções, cuja origem ou processo de produção recorre a matérias-primas mais sustentáveis / renováveis.
Por exemplo, os produtos que são produzidos a partir do petróleo não têm a designação bio, pois a matéria prima não é renovável. O petróleo resulta de processos de transformação que ocorreram ao longo de milhares de anos nas profundezas do planeta Terra, desta forma ao consumi-lo, não conseguimos no nosso tempo de vida repor esse recurso, portanto podemos considerá-lo finito. Por seu lado, se usarmos uma árvore para produzir químicos, plásticos ou combustíveis, no nosso tempo de vida podemos plantar e recolher essa árvore. Essa árvore ao crescer vai captar dióxido de carbono da atmosfera (por exemplo, dióxido de carbono libertado pela queima de petróleo), ajudando a reduzir o efeito de estufa (aquecimento do planeta / alterações climáticas), e o dióxido de carbono fica retido no produto que se produzirá. Se cortarmos uma árvore para nos ajudar o obter os produtos do nosso dia a dia podemos plantar outra, não sendo um recurso finito.A escala temporal é importante na definição de um bioproduto. Mesmo que o dióxido de carbono captado pela árvore seja libertado para a atmosfera, podemos plantar mais árvores para o sequestrar novamente e o ciclo mantêm-se fechado (conseguimos evitar aumentos desde gás na atmosfera do planeta). Quando se usa petróleo, carvão ou gás natural esta gestão de devolução ao interior do planeta do dióxido de carbono libertado, não é fácil e é muito mais dispendiosa do que plantar uma árvore, pelo menos com o conhecimento que possuímos hoje.
Alexandre Gaspar, Demonstração, Scale-up & Novos Negócios, RAIZ
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O que são espécies invasoras?
Muitas das espécies que conhecemos não existiam naturalmente em Portugal e foram introduzidas, propositadamente ou não, a partir de outros países e continentes. Essas espécies denominam-se de exóticas ou não-nativas. A planta do milho e a batateira, ambas nativas da América do Sul e introduzidas em Portugal há centenas de anos, são apenas dois exemplos desse tipo de espécies.
Embora muitas exóticas sejam úteis e importantes no nosso dia-a-dia, como as duas espécies de plantas mencionadas, outras multiplicam-se descontroladamente, tornando-se prejudiciais para as atividades humanas ou para o meio ambiente. A estas espécies exóticas nocivas chamamos invasoras. A legislação portuguesa, através do Decreto-Lei n.º 92/2019, lista as espécies invasoras e apresenta um conjunto de medidas para minimizar a sua ocorrência.
Das muitas espécies invasoras que existem no nosso País, apresentam-se dois exemplos bem conhecidos: a vespa-asiática, nativa da Ásia, é um inseto que se alimenta sobretudo de abelhas, causando graves prejuízos para a apicultura; as acácias, nativas da Austrália, são plantas com grande capacidade de multiplicação, que competem com as espécies de plantas nativas e têm efeitos negativos nos ecossistemas.Carlos Valente, Investigador e gestor de projetos em Proteção Florestal, RAIZ
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Porque é que a floresta é importante para os solos?
O solo é a camada mais superficial da Terra, variando normalmente de poucos centímetros a dois metros de profundidade. É constituído de partículas minerais (provenientes da meteorização das rochas), matéria orgânica (proveniente da deposição e decomposição de resíduos vegetais como as folhas e os ramos das árvores por exemplo), organismos vivos, ar e água. O solo é o suporte físico e a fonte de nutrientes para o crescimento das plantas e a produção vegetal, sendo por isso essencial para a produção de alimentos, madeiras, fibras e outros bens essenciais para a humanidade. A protecção do solo contra a erosão e contra outros processos de degradação, como a perda de fertilidade por exemplo, é fundamental para a manutenção da sua capacidade de produção ao longo do tempo (sustentabilidade).
A floresta é importante para o solo porque: i) a cobertura florestal, proporcionada pela copa das árvores e pelos resíduos depositados no solo, evita o impacte directo das gotas de chuva no solo e assim a sua desagregação, primeira etapa do ciclo de erosão; ii) protege o solo contra os raios solares diretos, reduz a oscilação e/ou a elevação da temperatura do solo no Verão, contribuindo assim para reduzir a perda de água por evaporação; iii) a presença de raízes melhora a estrutura do solo, a sua porosidade, o arejamento e a infiltração da água no solo, diminuindo, assim, o escoamento superficial e a erosão; iv) os resíduos vegetais (folhas, cascas e ramos) que vão sendo depositados no solo durante o ciclo de crescimento da floresta aumentam o teor de matéria orgânica e melhoram a fertilidade do solo; v) retira carbono da atmosfera e o armazena na sua biomassa e no solo, contribuindo assim para a descarbonização do planeta e redução das alterações climáticas.
Podemos dizer que “o solo é a pele do planeta que a floresta protege”.Sérgio Fabres, Coordenador de I&D em Silvicultura, RAIZ
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O que é uma planta híbrida?
A ideia mais comum quando se fala em plantas híbridas é a de uma planta que resultou do cruzamento entre duas outras, cada uma destas pertencendo a espécies diferentes. Este evento não é comum nas espécies animais mas pode acontecer com alguma frequência nas vegetais. A hibridação pode ser portanto uma via de criação de novas espécies vegetais quando os híbridos assim formados forem férteis e mostrarem-se aptos a sobreviver na natureza. Podem mesmo ser mais aptos que um dos seus progenitores e, por retrocruzamentos sucessivos sobre a espécie progenitora, levarem à extinção desta. Como curiosidade, há teorias que indicam que o próprio ser humano actual seja um híbrido, pois que houve tempos em que as espécies Homo sapiens e a Homo neanderthalensis teriam vivido em proximidade mas em conflito, o que levou à extinção dos segundos. Antes porém teria havido acasalamento e geração de descendências híbridas que vingaram.
A criação de híbridos artificiais é muito comum e motivada quase sempre por interesse económico, pretendendo-se juntar “o melhor dos dois mundos”, isto é, as boas características de ambos os progenitores. Em vegetais, o primeiro híbrido formado foi no século XVIII por Joseph Gottlieb envolvendo duas espécies de tabaco (Nicotiana rústica e Nicotiana paniculata). Outros exemplos são o maracujá roxo que é mais doce que o fruto amarelo, o milho vermelho que é mais macio e a abóbora laranja que é mais gostosa e rica em betacaroteno.
Na formação de plantas híbridas, para a maior parte das características especialmente as de produção, isto é, características quantitativas (por exemplo peso, altura, volume), o resultado costuma ser intermédio a ambos os progenitores. Contudo, se o híbrido mostrar para uma das características valor superior ao do melhor dos progenitores diz-se que se alcançou uma heterose híbrida para essa característica. As plantas “descobertas” têm por isso elevado valor comercial e o passo seguinte é a sua multiplicação e comercialização em larga escala fazendo chegar essa “descoberta” ao circuito económico, para usufruto de todos.José Araújo, Gestor do Programa de Melhoramento Genético, RAIZ
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Quais são os elementos essenciais para o desenvolvimento de uma planta?
As plantas são seres vivos autotróficos (do grego auto = “próprio” e trophos = “alimento”) o que quer dizer que, contrariamente aos humanos, são capazes de produzir o seu próprio alimento através de um processo designado fotossíntese. Assim, para o seu desenvolvimento e para que possa completar o seu ciclo de vida, a planta precisa de elementos minerais que lhe são essenciais.
Há 17 elementos existentes na natureza que são considerados essenciais ao desenvolvimento das plantas: carbono (símbolo químico – C), oxigénio (O), hidrogénio (H), azoto (N), fósforo (P), enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), cloro (Cl), ferro (Fe), manganês (Mn), boro (B), zinco (Zn), cobre (Cu), níquel (Ni) e molibdénio (Mo). Cada um destes elementos desempenha uma função específica e são imprescindíveis para as plantas, mas há elementos que são necessários em maior quantidade, os macronutrientes (como o C, N e P), e outros em menor quantidade, os micronutrientes (como o Mn, Fe e Zn). Estes elementos são obtidos principalmente a partir do ar e água (caso do C, H e O) ou através da absorção radicular ao nível do solo (restantes elementos).
Ana Quintela, Investigadora e gestora de projetos em Silvicultura, RAIZ